Conversa com Bial (2017)

Tive a honra de perguntar a Gilberto Gil em rede nacional, “o que você quer ser quando morrer”, no “Conversa com Bial”, que vai ao ar nessa madrugada. Seu idealizador, apresentador e redator final, Pedro Bial, nos convida a desmitificar tabus, inclusive o da morte, ao qual se refere como “o último tabu”. O que está por trás dessa indagação é a possibilidade de termos autonomia sobre nosso próprio corpo. Tanto na vida, quanto na morte. A decisão sobre o que deve ser feito com esse composto orgânico, o corpo, é nossa. Ou pelo menos deveria ser. Essa autonomia envolve, também, a forma como queremos morrer. Tratar esse assunto com a naturalidade que ele merece, abordando as opções que temos à nossa disposição. Podemos optar por uma morte na UTI, explorando todas opções que a medicina moderna nos possibilita, ou uma morte mais natural, digamos assim. Trazer o tema para debate nacional é um grande passo. Nessa entrevista, Gil menciona que o destino do corpo é uma autonomia que nós devemos ter. Mas, ao mesmo tempo, ele é importante para quem fica e não necessariamente para quem vai. Por isso, pode ser uma decisão tomada em família, sobre qual seria a melhor forma de oferecer um conforto aos que sofrerão o luto dessa perda. Na essência de tudo isso, está os benefícios de haver essa reflexão, e quem sabe, trazer essa conversa para a mesa. Mantermos a morte na esfera do mau agouro e do macabro só nos traz prejuízos. Isso resulta em profissionais mal capacitados e mal pagos, consumidores sem saber quais são seus direitos, muito menos a quem reclamar, e pessoas morrendo muito mal, com sofrimento desnecessário, exames invasivos que trazem mais custos, financeiros e psicológicos, do que benefícios.

Assista aqui: Conversa com Bial na Globo Play.